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SERRA DA MANTIQUEIRA

Toda vez que inicio uma nova cicloviagem, me vem aquela frase. Com o primeiro passo se dá a volta ao mundo. Paramos de frente do Pão de Açúcar para tirar uma foto e logo aparece alguém perguntando da onde estamos vindo? Falei que de Copacabana. Fico imaginando o que ele deve estar pensando. Todo esse equipamento, para chegar apenas no Pão de Açúcar.  Neste momento somos apenas promessa de uma viagem de bicicleta, pois a ideia é viajar pela Serra da Mantiqueira durante 01 mês. Pegamos um ônibus no Novo Rio para fugir do caos urbano e de riscos de trânsito desnecessários pela Av. Brasil. Iniciamos em Resende/Penedo e a subida da serra para Visconde de Mauá nos espera com mais de 1.000 mts de ganho de elevação. Ascensão sem nenhum plator para descanso e no meio desta subida encontro um lindo grafite de uma coelha com saia rendada, segurando um buquê ou seria um "camarão" de maconha? O que leva uma pessoa a parar no meio desta subida para deixar esse trabalho artístico? Por perto

Antônio - Filipinas - 2019

ANTÔNIO Faço Cicloturismo a mais de 15 anos e já passei por cidades pobres no Perú, Bolívia, Cuba, Nepal e Índia, só para lembrar de algumas. Pensei que já estivesse calejado com a pobreza. Estou na Filippinas, só que em Palawan, uma das últimas fronteiras deste país, pois a idéia é chegar na Malásia. Olhando no mapa, estou bem próximo do meu destino. Estranho falar de fronteiras num país que tem mais de 7.000 ilhas. Já mudei e passei por tantas ilhas, que já poderia estar em outro país. Distante da capital, encontro pobreza extrema, onde as pessoas não tem documento e me convidam a entrar num barco  para a Malásia. O problema é que se não pego o visto de saída da Filippinas estarei inconforme na Malásia e nem sei se receberia o visto de entrada. O caminho correto é esperar um barco que saí de Porto Brooker ( homenagem a inglês que passou aqui) é daqui há uma semana, ir para uma pequena ilha e depois pegar outro barco para Zamboanga e de lá pegar um avião para Malásia. Gastari

Isso é férias - Filipinas - 2019

Quando se fala em férias, logo vem a imagem de praia, hotel, alegria, ócio, souvenir da região visitada e outros chavões da industria do Turismo. Férias virou um produto, com formato e preceitos. Faz tempo que as minhas férias não seguem mais este padrão. Viajo com uma bicicleta e fico em lugares simples, buscando contato com as pessoas, relações de amizade e troca de experiências. As minhas férias estão mais para uma Migração. As cegonhas abandonam seus ninhos, pois são incapazes de se adaptar as diferenças climáticas. Se preparam para a viagem, estocando mais gordura no corpo e deixam para trás toda a estrutura montada. Abandonam o hábito de nidificação e aproveitam as correntes de ar. Comigo acontece algo parecido, tenho dificuldade de me manter apenas nas atividades laborais, supermercado e apartarentarismo. ( acredito que essa palavra não exista, mas quero diz, ter um local, ninho, para voltar). Essa inabilidade me fez ter outras habilidades, a de viajar com pouco, muito

Amigos - Filipinas - 2019

Quanto tempo você precisa para ficar amigo de alguém? Estou mudando o meu conceito. Passo o dia na estrada e cruzo com pessoas na bicicleta.  Digo Hi e recebo de volta. Hello my friend. Criamos uma amizade por alguns segundos e nunca mais iremos nos ver. Fazer Cicloturismo nas Filippinas, que tem mais de 7.000 ilhas, tem que saber nadar. Pego ferry boat para mudar de ilhas e teoricamente teria tempo para estabecer novas amizades durante a viagem, mas isso nem sempre acontece. No final da viagem nada ficou estabelecido. Você sabe que será amigo de alguém, quando o seu melhor como pessoa se manifesta. Isso inclui atenção, amor, confiança, ética e um sentimento bom de reciprocidade. Olho para o presidente atual e não o vejo cercado de amigos. Estão mais para comparsa, os parsas. Amigo te fala que você não está agindo bem, mas um comparsa apenas coaduana no crime. Paro numa vila que não tem pousada e a próxima cidade está a 60 km e já são 6h da tarde. Tento negociar de colocar a ten

Banco Imobiliário - Filipinas - 2019

Estou em TayTay, cidade que mais parece um acampamento do MST melhorado. Paredes de lona e lojinhas que vendem miojo, cigarro, refrigerante e outras quinquilharias. Aqui qualquer casa tem uma vendinha na frente. Tem tanta gente vendendo, que fico imaginando quem irá comprar, pois todos estão tentando vender a mesma coisa. Vai ver que estão me esperando, mas não consigo comprar muita coisa, pois os produtos são muito ruins. Carboidratos de baixa qualidade, bebidas açucaradas e isso inclui a Coca cola e refrigerantes que dão medo de se experimentar. Como a moeda é fraca, no câmbio me é retornado uma grande quantidade de células. Fico com mais de 30 cédulas na carteira. Cheio de dinheiro, que mais parece que estou brincando de banco imobiliário. Entrego uma nota de 100 e recebo um monte de células de volta. Entro num restaurante que parece ser o melhor do local, pois tem até foto dos pratos. Dentro um misto de casa e restaurante. Tem as mesas, mas o sofá da casa fica de frente para a t

Respirando debaixo d'água - Filipinas - 2019

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Fazer Cicloturismo nas Filipinas tem que saber nadar. Estou na segunda embarcação e o mar Azul, quase psicina traz uma alegria para viagem. Na proa tive minha primeira visão 360 da linha do horizonte. Os terraplanistas tem que vir aqui. Não achei nenhum canto até o momento. Passei por cidades feias, empoeiradas, esgoto a céu aberto, poluição ( estou tossindo até agora) mas pelo visto os lugares bonitos estão começando a aparecer. Em Coron me preparo para fazer mergulho de cilindro em barcos afundados na Segunda guerra mundial. Mais de 16 anos sem mergulhar, me trazem lembranças que nem imaginava existir mais. Será que dou conta? Coração bate  forte. Sentir pressão no ouvidor, respirar apenas pela boca, flutuar, sentir a narcose e se manter lúcido, mudar para outro mundo (aquático) são apenas algumas das experiências vividas.  Respirar debaixo d'água exige uma mudança no cérebro. Nada de movimentos bruscos, sinta o silêncio, flutue na horizontal e aproveite o novo mundo que se

Arroz - Filipinas 2019

ARROZ. O Cicloturismo como qualquer atividade, também tem a sua rotina. Passamos a maior parte do dia na estrada e aqui canso de ver plantação de arroz. É tanto arroz que os agricultores secam seus grãos no asfalto abrasivo. 43 graus chega fácil o sol aqui. São plantações de se perder de vista no horizonte. Inúmeras pessoas trabalhando nessas plantações, pois aqui se come no mínimo 3X mais arroz que no Brasil. Existe uma teoria que mostra que as plantas concorrem entre si. Todas estão buscando um lugar ao sol e às vezes isso causa a degradação de um ecossistema. Numa plantação de eucalipto acontece tanta concorrência que as árvores crescem mais do que podem em busca do sol e começam a cair umas sobre as outras. No caso do arroz, existe uma teoria (conspiratória talvez?) que na busca desta planta de querer se espalhar pelos quatro cantos do planeta, ofereceu uma vantagem para o homem. Você pode comer meus grãos, mas terá que me plantar e com isso o homem levou essa semente para v